Escola Municipal de Ensino Fundamental de
Quatiguaba
Projeto: Não às Drogas, Sim à Vida.
Apostila
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Professor: Luis Eudenes Silva
Ensino Fundamental – 7º ano
Quatiguaba, Setembro de 2012
O que são as drogas
Drogas são substâncias
utilizadas para produzir alterações, mudanças, nas sensações, no grau de
consciência e no estado emocional. As alterações causadas por essas substâncias
variam de acordo com as características da pessoa que as usa, qual droga é
utilizada e em que quantidade, o efeito que se espera da droga e as
circunstâncias em que é consumida.
Geralmente achamos que
existem apenas algumas poucas substâncias extremamente perigosas: são essas que
chamamos de drogas. Achamos também que drogas são apenas os produtos ilegais como
a maconha, a cocaína e o crack. Porém, do ponto de vista de saúde, muitas
substâncias legalizadas podem ser igualmente perigosas, como por exemplo o
álcool, que também é considerado uma droga como as demais.
Quais os tipos de drogas que existem e que efeitos elas provocam?
As drogas atuam no
cérebro afetando a atividade mental, sendo por essa razão denominadas
psicoativas. Basicamente, elas são de três tipos:
drogas que diminuem a
atividade mental – também chamadas de depressoras. Afetam o cérebro, fazendo
com que funcione de forma mais lenta. Essas drogas diminuem a atenção, a
concentração, a tensão emocional e a capacidade intelectual. Exemplos:
ansiolíticos (tranquilizantes), álcool, inalantes (cola) , narcóticos (morfina,
heroína);
drogas que aumentam a
atividade mental – são chamadas de estimulantes. Afetam o cérebro, fazendo com
que funcione de forma mais acelerada. Exemplos: cafeína, tabaco, anfetamina,
cocaína, crack; e
drogas que alteram a
percepção – são chamadas de substâncias alucinógenas e provocam distúrbios no
funcionamento do cérebro, fazendo com que ele passe a trabalhar de forma
desordenada, numa espécie de delírio. Exemplos: LSD, ecstasy, maconha e outras
substâncias derivadas de plantas.
O efeito de uma droga é o mesmo para qualquer pessoa?
Não. Os efeitos dependem
basicamente de três fatores:
da droga;
do usuário;
do meio ambiente.
Cada tipo de droga, com
suas características químicas, tende a produzir efeitos diferentes no
organismo. A forma como uma substância é utilizada, assim como a quantidade
consumida e o seu grau de pureza também terão influência no efeito.
Cada usuário, com suas
características biológicas (físicas) e psicológicas, tende a apresentar reações
diversas sob a ação de drogas. São extremamente importantes o estado emocional
do usuário e suas expectativas com relação à droga no momento do uso.
O meio ambiente também
influencia o tipo de reação que a droga pode produzir. Dessa maneira, o local,
as pessoas – enfim, toda a situação onde o uso acontece – poderão interferir
nos efeitos que a droga vai produzir.
Por exemplo, uma pessoa
ansiosa (usuário) que consome grande quantidade de maconha (droga) em um lugar
público (meio ambiente) terá grande chance de se sentir perseguido
("paranoia"). Por outro lado, um indivíduo que consome maconha quando
está tranquilamente em casa, na companhia de amigos, terá menor probabilidade
de apresentar reações desagradáveis.
Existem drogas leves e drogas pesadas?
Esta é uma questão que sempre causa
discussões e, por isso, há mais de uma posição a respeito. Do ponto de vista da
lei, não há diferença entre drogas leves e pesadas, mas apenas entre drogas
legais e ilegais (ou lícitas e ilícitas). Fumar maconha ou injetar cocaína, por
exemplo: as duas atitudes infringem igualmente a lei. Na prática, porém, o uso
de maconha raramente chega a ter as mesmas consequências perigosas à saúde que
o de cocaína.
Além disso, sabemos que os riscos
relacionados ao consumo de drogas dependem mais da maneira e das circunstâncias
em que elas são usadas do que do tipo de droga utilizado. Mesmo para os
dependentes, os perigos dependem do grau de dependência e não da natureza da
droga e de ela ser lícita ou ilícita. A morfina, substância legalizada, cujos
efeitos são muito semelhantes aos da heroína, poderia ser considerada uma droga
pesada, e, apesar disso, ela é receitada para pacientes com câncer, sem que
necessariamente eles se tornem dependentes.
Na verdade, não deveríamos falar em
drogas leves e pesadas, mas sim em uso leve e uso pesado de drogas. Com relação
ao álcool, por exemplo, existem dependentes que nunca conseguem beber
moderadamente; ao mesmo tempo, existem usuários ocasionais, que jamais se
tornarão dependentes de álcool. Para os primeiros, o álcool é uma droga
extremamente perigosa (droga pesada), enquanto para os últimos o álcool é um
produto inofensivo (droga leve).
Existem drogas seguras e inofensivas, que não causam nenhum problema?
Drogas são substâncias utilizadas para
produzir alterações, mudanças, nas sensações, no grau de consciência e no
estado emocional. As alterações causadas por essas substâncias variam de acordo
com as características da pessoa que as usa, qual droga é utilizada e em que
quantidade, o efeito que se espera da droga e as circunstâncias em que é
consumida.
Geralmente achamos que existem apenas
algumas poucas substâncias extremamente perigosas: são essas que chamamos de
drogas. Achamos também que drogas são apenas os produtos ilegais como a
maconha, a cocaína e o crack. Porém, do ponto de vista de saúde, muitas
substâncias legalizadas podem ser igualmente perigosas, como por exemplo o
álcool, que também é considerado uma droga como as demais.
As substâncias ilegais são mais perigosas do que as legalizadas?
Nem sempre. Os perigos relacionados ao
uso de drogas dependem de diversos fatores, como já vimos: que droga é
utilizada, em quais condições e quem é o usuário. O fato de a substância ser
legal ou ilegal não tem uma relação direta com o perigo que oferece.
Temos a tendência de achar que
substâncias como o álcool, já que são legalizadas, não são tão problemáticas e
prejudiciais quanto as drogas ilegais, o que é um engano. Assim, observamos que
na nossa cultura somos demasiadamente tolerantes com relação às drogas
legalizadas (álcool, medicamentos, fumo etc.).
As drogas naturais são menos perigosas do que as drogas químicas?
Não. Substâncias obtidas a partir de
plantas, como a cocaína, podem ser tão ou até mesmo mais perigosas do que as
drogas produzidas em laboratórios, como o LSD.
O que é dependência?
Dependência é o impulso que leva a
pessoa a usar uma droga de forma contínua (sempre) ou periódica (frequentemente)
para obter prazer. Alguns indivíduos podem também fazer uso constante de uma
droga para aliviar tensões, ansiedades, medos, sensações físicas desagradáveis,
etc. O dependente caracteriza-se por não conseguir controlar o consumo de
drogas, agindo de forma impulsiva e repetitiva.
Para compreendermos melhor a
dependência, vamos analisar as duas formas principais em que ela se apresenta:
a física e a psicológica.
A dependência física caracteriza-se
pela presença de sintomas e sinais físicos que aparecem quando o indivíduo pára
de tomar a droga ou diminui bruscamente o seu uso: é a síndrome de abstinência.
Os sinais e sintomas de abstinência dependem do tipo de substância utilizada e
aparecem algumas horas ou dias depois que ela foi consumida pela última vez. No
caso dos dependentes do álcool, por exemplo, a abstinência pode ocasionar desde
um simples tremor nas mãos a náuseas, vômitos e até um quadro de abstinência mais
grave denominado delirium tremens, com risco de morte, em alguns casos.
Já a dependência psicológica
corresponde a um estado de mal-estar e desconforto que surge quando o
dependente interrompe o uso de uma droga. Os sintomas mais comuns são
ansiedade, sensação de vazio, dificuldade de concentração, mas que podem variar
de pessoa para pessoa.
Com os medicamentos existentes
atualmente, a maioria dos casos relacionados à dependência física podem ser
tratados. Por outro lado, o que quase sempre faz com que uma pessoa volte a
usar drogas é a dependência psicológica, de difícil tratamento e não pode ser
resolvida de forma relativamente rápida e simples como a dependência física .
Todo usuário de drogas vai se tornar um dependente?
A maioria das pessoas que consomem
bebidas alcoólicas não se torna alcoólatra (dependente de álcool). Isso também
é válido para grande parte das outras drogas.
De maneira geral, as pessoas que
experimentam drogas o fazem por curiosidade e as utilizam apenas uma vez ou
outra (uso experimental). Muitas passam a usá-las de vez em quando, de maneira
esporádica (uso ocasional), sem maiores consequências na maioria dos casos.
Apenas um grupo menor passa a usar drogas de forma intensa, em geral quase
todos os dias, com consequências danosas (dependência).
O grande problema é que não dá para
saber, entre as pessoas que começam a usar drogas, quais serão apenas usuários
experimentais, quais serão ocasionais e quais se tornarão dependentes.
É importante lembrar, porém, que o uso,
ainda que experimental, pode vir a produzir produzir danos à saúde da pessoa.
Por que muitos jovens têm dificuldade para reconhecer que o uso de drogas pode ser nocivo e perigoso?
Alguns adultos que consomem bebidas
alcoólicas ocasionalmente têm dificuldade para admitir que o álcool pode vir a
se tornar um hábito nocivo e perigoso; o mesmo ocorre com os jovens que
experimentam ou usam drogas ilegais: eles têm o mesmo problema. Em grande
parte, isso se deve ao fato de que a maioria dos consumidores de drogas, legais
ou ilegais, conhecem muitos usuários ocasionais, mas poucas pessoas que se
tornaram dependentes ou tiveram problemas com o uso de drogas. Por outro lado,
o prazer momentâneo obtido com a droga e a imaturidade não favorecem maiores
preocupações com os riscos.
O tratamento de um dependente de drogas com medicações pode fazer com que ele se torne um dependente de remédios?
No tratamento da dependência tenta-se
sempre evitar o uso de medicações que possam ocasionar esse problema. A maioria
dos remédios receitados pelo médico nesses casos não causam dependência.
Alguns, como benzodiazepínicos, barbitúricos e metadona, podem vir a causar
dependência, mas, ainda assim, podem ser usados, desde que sob controle médico,
por determinados períodos de tempo e em doses adequadas.
A repressão não seria uma forma mais simples de diminuir o problema das drogas?
É necessário tratar a questão de forma
equilibrada, ou seja, reduzindo tanto a oferta por parte do traficante
(mediante a repressão) quanto a procura por parte do usuário (mediante a
prevenção). Uma repressão efetiva deve atingir a economia do crime organizado
transnacional, ou seja, aquelas especiais associações delinqüenciais que não
obedecem limitações de fronteiras.
Quanto à prevenção, ela é fundamental,
pois envolve qualquer atividade voltada para a diminuição da procura da droga.
Da mesma maneira, é muito importante que haja uma diminuição dos prejuízos
relacionados ao uso de drogas (para maiores detalhes, ver pergunta 2 no item
Tratamento).
Não seria mais fácil simplesmente impedir que os jovens tenham acesso às drogas?
Se um jovem quiser experimentar drogas,
vai sempre encontrar alguém que possa fornecê-las. Ainda que pudéssemos contar
com todos os esforços policiais disponíveis, seria muito difícil o controle
absoluto tanto da produção clandestina quanto da entrada de drogas ilegais em
um país. Medidas para reduzir a oferta podem ser postas em prática, mas nunca
teremos uma sociedade sem drogas.
De uma maneira geral, a experimentação
de substâncias ilegais costuma ocorrer na metade ou no final da adolescência.
Entre os jovens que experimentam drogas ilegais, a maioria entra em contato com
o produto por meio de amigos. A maconha é a droga ilegal utilizada com mais frequência.
Por outro lado, os jovens sempre podem dar um jeito para obter drogas legais
como álcool e solventes (cola, éter, benzina). Embora existam leis proibindo a
venda dessas substâncias a menores de idade, elas precisam impor o respeito às
normas, como exercício de cidadania.
A liberação das drogas resolveria os problemas relacionados ao uso e à dependência?
O acesso mais fácil às drogas tende a
levar a um aumento do número de usuários experimentais e ocasionais, mas não
dos dependentes. Ao contrário do que muitos pensam, as pessoas não vão se
tornar dependentes de drogas somente por que elas estão mais disponíveis.
Entretanto, seria ingênuo concluir que a simples liberação das drogas
resolveria todo o problema. Se por um lado a diminuição da oferta não resolve a
questão, por outro o aumento da oferta (liberação) não é capaz de diminuir por
si só a dependência de drogas. A dependência se relaciona muito mais
diretamente com os aspectos envolvidos no tipo de motivação que o indivíduo tem
de consumir drogas do que com a disponibilidade dos produtos.
A experiência acumulada sobre o assunto
mostra que posições mais liberais com relação às drogas permitem que o problema
possa ser abordado de maneira mais eficaz. Por exemplo, em um ambiente familiar
muito rígido e repressivo, um jovem teria bastante dificuldade em revelar que
usa drogas e isso poderia agravar possíveis problemas correlatos já que não
contaria com o apoio de familiares ou com a ajuda de profissionais.
Se não é possível acabar com a oferta de drogas, o que pode ser feito?
O importante é realizar um trabalho de
prevenção, ou seja, diminuir a motivação que alguém possa vir a ter de usar
drogas. Ainda, um trabalho de conscientização, revelando os danos, sociais,
físicos e psicológicos, causados pelo uso de drogas.
Como podemos ajudar um jovem a ter uma atitude adequada com relação às drogas?
O que os pais podem fazer é tornar-se
exemplo para os filhos. A maneira como os pais lidam com a questão tem muito
mais efeito sobre o jovem do que as informações que são dadas. Ou seja, o que
se faz é muito mais importante do que o que se diz.
As crianças e os jovens começam a
aprender o que é droga quando observam os adultos em busca de tranquilizantes
ao menor sinal de tensão ou nervosismo. Aprendem também o que é droga quando
ouvem seus pais dizerem que precisam de três xícaras de café para se sentirem
acordados, ou ainda quando sentem o cheiro da fumaça de cigarros... Além disso,
eles aprendem o que é dependência quando observam como seus pais têm
dificuldade em controlar diversos tipos de comportamentos, como, por exemplo,
comer de modo exagerado, fazer compras sem necessidade, trabalhar
excessivamente.
Os adultos têm sempre "boas"
formas de justificar esses comportamento, mas na verdade trata-se de um modelo
de comportamento impulsivo e descontrolado. E esses modelos de comportamento
podem ser copiados pelos jovens na forma como se relacionam com as drogas.
Somos uma sociedade de consumidores de
produtos e a maioria de nós estabelece relações complicadas com as drogas. Não
é difícil encontrar pessoas que, ao menor sinal de sofrimento, de desconforto,
lançam mão de um "remedinho", de uma "cervejinha", de um
"cafezinho" ou de um "cigarrinho" para aplacar a ansiedade
de forma quase instantânea. Esse é o princípio básico de modelo de
comportamento dependente que observamos em um imenso número de adultos e pais
que, sem a menor consciência do que estão fazendo, "ensinam" aos
filhos, alunos e jovens em geral que os problemas podem ser resolvidos, como
que por um passe de mágica, com a ajuda de uma substância.
É muito importante que os jovens
compreendam, por meio de nossas atitudes, qual é a atitude adequada em relação
às drogas. Esse processo de aprendizagem começa na infância e continua até o
final da adolescência.
Quais as razões que levam uma pessoa a usar drogas?
Muitas são as razões que podem levar
alguém a usar drogas. Cada pessoa tem seus próprios motivos. Os pais não devem
tirar conclusões apressadas se suspeitam ou descobrem se o filho ou filha usou
ou está usando drogas. É preciso que escutem com muita atenção o que o filho ou
a filha tem a dizer para poderem compreender o que está acontecendo. Entre os
possíveis motivos, destacamos:
1. A oportunidade surgiu e o jovem experimentou.
O fato de um jovem experimentar drogas não faz dele um dependente. Porém, mesmo experiências aparentemente inocentes podem resultar em problemas (com a lei, por exemplo). Um jovem que usou drogas passa a ser tratado muitas vezes como "drogado" por seus pais ou professores. O excesso de preocupação com o uso experimental de drogas pode tornar-se muito mais perigoso do que o uso de drogas em si.
Diante dessa situação os pais não se devem desesperar. Reagir com agressividade e com violência pode até mesmo empurrar o jovem para o abuso e a dependência de drogas. Os pais devem alertá-lo sobre possíveis riscos e, se possível, conversar francamente sobre o assunto, aproveitando a oportunidade.
O fato de um jovem experimentar drogas não faz dele um dependente. Porém, mesmo experiências aparentemente inocentes podem resultar em problemas (com a lei, por exemplo). Um jovem que usou drogas passa a ser tratado muitas vezes como "drogado" por seus pais ou professores. O excesso de preocupação com o uso experimental de drogas pode tornar-se muito mais perigoso do que o uso de drogas em si.
Diante dessa situação os pais não se devem desesperar. Reagir com agressividade e com violência pode até mesmo empurrar o jovem para o abuso e a dependência de drogas. Os pais devem alertá-lo sobre possíveis riscos e, se possível, conversar francamente sobre o assunto, aproveitando a oportunidade.
2. O uso de drogas pode ser visto como algo excitante e ousado pelos
jovens.
Cabe aos adultos alertar os jovens sobre os riscos relacionados com o uso de drogas. Entretanto, muitas vezes são justamente os riscos envolvidos que podem exercer atração sobre eles. Esta é uma das críticas que são feitas às campanhas antidrogas de caráter amedrontador, que exageram os riscos.
Assim, quando se falar em riscos, a informação deverá ser objetiva, direta e precisa, caso contrário o efeito poderá até mesmo ser oposto ao desejado. Grande parte dos jovens conhece pessoas que usam maconha e que nunca se interessaram por outras drogas. Para eles, a afirmação de que "a maconha é a porta de entrada..." pode soar mentirosa e, como consequência, deixarão de ouvir os adultos em assuntos realmente importantes. Por outro lado, se o jovem que ouve essa afirmação nunca experimentou drogas e pouco conhece do assunto, ele pode ficar muito curioso, principalmente porque para os adolescentes assumir riscos faz parte do jogo, em que o próprio risco é transformado em desafio.
Por exemplo, alertar os jovens sobre os riscos de se consumir bebida alcoólica e depois sair dirigindo pode ser feito de forma clara, precisa e objetiva. Isso é muito mais educativo do que discursos dramáticos e aterrorizantes sobre os malefícios do álcool. Dizer de outra forma, tentar exagerar os riscos e perigos pode ser um estímulo ao uso de drogas, principalmente para os jovens.
Cabe aos adultos alertar os jovens sobre os riscos relacionados com o uso de drogas. Entretanto, muitas vezes são justamente os riscos envolvidos que podem exercer atração sobre eles. Esta é uma das críticas que são feitas às campanhas antidrogas de caráter amedrontador, que exageram os riscos.
Assim, quando se falar em riscos, a informação deverá ser objetiva, direta e precisa, caso contrário o efeito poderá até mesmo ser oposto ao desejado. Grande parte dos jovens conhece pessoas que usam maconha e que nunca se interessaram por outras drogas. Para eles, a afirmação de que "a maconha é a porta de entrada..." pode soar mentirosa e, como consequência, deixarão de ouvir os adultos em assuntos realmente importantes. Por outro lado, se o jovem que ouve essa afirmação nunca experimentou drogas e pouco conhece do assunto, ele pode ficar muito curioso, principalmente porque para os adolescentes assumir riscos faz parte do jogo, em que o próprio risco é transformado em desafio.
Por exemplo, alertar os jovens sobre os riscos de se consumir bebida alcoólica e depois sair dirigindo pode ser feito de forma clara, precisa e objetiva. Isso é muito mais educativo do que discursos dramáticos e aterrorizantes sobre os malefícios do álcool. Dizer de outra forma, tentar exagerar os riscos e perigos pode ser um estímulo ao uso de drogas, principalmente para os jovens.
3.As drogas podem modificar o que sentimos. Esse poder de transformação
das emoções pode se tornar um grande atrativo, sobretudo para os jovens.
A melhor maneira de tentar neutralizar a atração que as drogas exercem seria estimular os jovens a experimentar formas não-químicas de obtenção de prazer. Os "baratos" podem ser obtidos através de atividades artísticas, esportivas, etc. Cabe aos adultos tentar conhecer melhor os jovens para estimulá-los a experimentar formas mais criativas de obter prazer e sensações intensas.
A melhor maneira de tentar neutralizar a atração que as drogas exercem seria estimular os jovens a experimentar formas não-químicas de obtenção de prazer. Os "baratos" podem ser obtidos através de atividades artísticas, esportivas, etc. Cabe aos adultos tentar conhecer melhor os jovens para estimulá-los a experimentar formas mais criativas de obter prazer e sensações intensas.
4.Muitas pessoas acreditam que os jovens acabam consumindo drogas pela
influência de colegas e amigos (pressão de grupo).
Embora a "pressão do grupo" tenha influência, sabemos que a maioria dos grupos tem um discurso contrário às drogas; mesmo assim, alguns jovens acabam se envolvendo. Mais importante do que estar em acordo com o grupo é estar bem consigo mesmo. Os jovens que dependem exageradamente da aprovação do grupo são justamente aqueles que têm outros tipos de problemas (por exemplo, sentem-se pouco amados pelos pais, deslocados, pouco atraentes, etc.).
Embora a "pressão do grupo" tenha influência, sabemos que a maioria dos grupos tem um discurso contrário às drogas; mesmo assim, alguns jovens acabam se envolvendo. Mais importante do que estar em acordo com o grupo é estar bem consigo mesmo. Os jovens que dependem exageradamente da aprovação do grupo são justamente aqueles que têm outros tipos de problemas (por exemplo, sentem-se pouco amados pelos pais, deslocados, pouco atraentes, etc.).
5.O uso de drogas pode ser uma tentativa de amenizar sentimentos de
solidão, de inadequação, baixa auto-estima ou falta de confiança.
Nesses casos, é importante tentar ajudar o jovem a superar as dificuldades sem a necessidade de recorrer às drogas. Os pais devem dar segurança para seus filhos através do afeto. Eles devem se sentir amados, apesar de seus defeitos ou de suas dificuldades.
Nesses casos, é importante tentar ajudar o jovem a superar as dificuldades sem a necessidade de recorrer às drogas. Os pais devem dar segurança para seus filhos através do afeto. Eles devem se sentir amados, apesar de seus defeitos ou de suas dificuldades.
6.Mas não existe uma pressão externa para consumir drogas?
Sim, essa pressão certamente existe. Nossa sociedade tem como um de seus maiores objetivos a felicidade. O grande problema é que tristeza, descontentamento e solidão passam a ser vistos como situações a serem eliminadas, quando, na verdade, elas fazem parte da vida e devem ser compreendidas e transformadas. Desde muito cedo, as crianças têm um modelo de felicidade diretamente ligado ao consumismo: o que podemos comprar poderá nos trazer satisfação e felicidade. As propagandas de álcool, cigarro e chocolate veiculam esse modelo, para vender seus produtos. A crença ingênua de que "podemos comprar a felicidade" e de que "tristeza e solidão devem ser evitadas a qualquer preço" constituem o mesmo padrão de relação que os dependentes (consumidores) estabelecem com as drogas (produtos). Nesse sentido, podemos dizer que os "drogados" estão apenas repetindo o modelo de sociedade que lhes oferecemos.
Sim, essa pressão certamente existe. Nossa sociedade tem como um de seus maiores objetivos a felicidade. O grande problema é que tristeza, descontentamento e solidão passam a ser vistos como situações a serem eliminadas, quando, na verdade, elas fazem parte da vida e devem ser compreendidas e transformadas. Desde muito cedo, as crianças têm um modelo de felicidade diretamente ligado ao consumismo: o que podemos comprar poderá nos trazer satisfação e felicidade. As propagandas de álcool, cigarro e chocolate veiculam esse modelo, para vender seus produtos. A crença ingênua de que "podemos comprar a felicidade" e de que "tristeza e solidão devem ser evitadas a qualquer preço" constituem o mesmo padrão de relação que os dependentes (consumidores) estabelecem com as drogas (produtos). Nesse sentido, podemos dizer que os "drogados" estão apenas repetindo o modelo de sociedade que lhes oferecemos.
Consumir drogas é uma forma de obtenção
de prazer. Isso não pode ser negado. Devemos ter em mente queexistem maneiras
de se obter prazer cujo preço a pagar pode ser muito alto. Devemos ensinar aos
jovens que a fórmula de "felicidade a qualquer preço" imposta pela
sociedade aos indivíduos não é a melhor maneira de se viver.
No comércio de drogas, jovens são muito
utilizados pelos traficantes como intermediários (conhecidos como
"aviões") na venda de drogas ilícitas. Esse comércio lucrativo
torna-se uma alternativa de ganho, ainda que ilegal, mas também favorece o contato
dos jovens com as drogas, com a violência e com as doenças a elas relacionadas
Existem sinais para identificarmos se alguém está usando drogas?
Com frequência os pais querem saber
quais os sinais que indicam que um jovem esteja usando drogas. Não existe maneira
fácil de confirmar a suspeita.
Tentar identificar no jovem sinais ou
efeitos das diferentes substâncias só tende a complicar ainda mais as coisas. O
clima de desconfiança que se instala nessas situações prejudica muito o
relacionamento entre os familiares.
É normal e esperado que os jovens
tenham segredos e que dificultem o acesso de outras pessoas da família,
sobretudo os pais, a questões de sua vida pessoal. Eles tendem também a
experimentar situações novas, a assumir atitudes desafiantes e de oposição e
até mesmo a apresentar comportamentos ousados que podem envolver riscos. Tais
comportamentos constituem traços caraterísticos de uma adolescência normal. A
grande dificuldade dos pais é saber até que ponto essas atitudes e
comportamentos estão dentro do esperado ou se já significam que o jovem está
passando por problemas mais graves e necessitando de ajuda.
O mais importante é que os pais tentem
sempre conversar com os filhos. Mesmo que o diálogo se torne tenso e cheio de
conflitos, ainda assim ele é uma via de comunicação importante. Os pais devem
também se preocupar mais em ouvir do que em dar conselhos. Quando o jovem se
isola e o acesso a ele se torna impossível, é um sinal de que é necessário
procurar algum tipo de ajuda externa.
Deve-se conversar com os filhos sobre o uso de drogas?
Sim, na medida em que eles se mostrarem
interessados pelo assunto.
Se o uso de drogas puder ser discutido
de forma adequada à idade da criança ou do adolescente, vai deixar de ser algo
secreto e misterioso, perdendo muito de seus atrativos. Qualquer atividade
vista como oculta do mundo dos pais e dos professores tende a ser vista pelos
jovens como instigante e excitante.
A maioria dos pais tende a conversar
com os filhos sobre drogas somente quando surgem problemas e conflitos.
Entretanto, torna-se muito mais fácil conversar com os filhos sobre esses
problemas e conflitos quando os pais já puderam superar no passado a barreira
de falar sobre drogas. É importante também lembrar que conflitos e rebeldia
fazem parte da adolescência normal e não indicam necessariamente envolvimento
com drogas. Os conflitos dos jovens são necessários para que se tornem adultos,
sendo responsabilidade dos pais ensinar seus filhos a lidar com os problemas.
Os pais não devem se apavorar com as discussões, mas compreender a raiva e a
revolta do jovem e mostrarem-se seguros com relação às suas próprias crenças e
valores.
Como deve ser a informação que os pais devem dar a seus filhos a respeito de drogas?
O primeiro grande
problema que se apresenta nessas situações é que frequentemente os jovens são
mais informados a respeito de drogas do que seus pais.
Quando falarem de drogas,
os pais devem se basear em substâncias que eles realmente conhecem (por
exemplo, álcool ou tranquilizantes). Os pais em geral têm mais dificuldade em
falar sobre drogas ilegais, mas grande parte das informações a respeito de
drogas legalizadas (como álcool e tranquilizantes) tende a ser igualmente
válida para as ilegais. Seria aconselhável que os pais pudessem adquirir conhecimentos
básicos sobre as principais substâncias de uso e abuso em nosso meio, para que
não transmitam informações sem fundamento ou preconceituosas, como são
habitualmente veiculadas em jornais, revistas, televisão, etc. Não há problema
algum no fato de os pais admitirem perante os filhos o seu desconhecimento a
respeito de drogas, quando for o caso. Eles não precisam ter conhecimentos
detalhados para poder ajudar seus filhos.
Relacionamentos
familiares sólidos são mais importantes do que o conhecimento que os pais têm
sobre drogas. Se, no decorrer de anos de convivência, as relações familiares
forem bem constituídas e solidificadas, dificilmente o uso de drogas virá a se
tornar um problema. Por outro lado, se a qualidade dos relacionamentos for
precária, os pais deverão ficar atentos não apenas ao problema das drogas mas
também a outros aspectos da vida familiar. Infelizmente, quando isso acontece,
os pais nem sempre têm consciência do distanciamento que existe entre os
membros da família. É frequente que nessas circunstâncias os pais assumam
atitudes autoritárias perante os filhos, aumentando ainda mais essa distância.
Diante dessas dificuldades, os pais devem recorrer a outras pessoas que possam
ajudá-los.
Como os pais devem exercer sua autoridade?
A maioria das crianças e
adolescentes aceita a autoridade dos pais, sobretudo quando no ambiente
familiar estão presentes a confiança e o afeto. Porém, à medida que o
adolescente vai se desenvolvendo, a autoridade vai sendo transferida para eles
mesmos até que se tornem responsáveis por suas próprias ações. Muitos pais têm
dificuldades para abrir mão de sua autoridade conforme os filhos crescem,
dificultando, assim, que eles possam se tornar responsáveis por si mesmos.
A autoridade dos pais
desempenha papel importante no sentido de dar limites, como exigir que os
filhos façam as lições de casa, fixar horários para atividades de lazer etc. .
Isso promove a organização interna do jovem, permitindo que ele possa cuidar de
si mesmo à medida que vai se tornando adulto. Mas essa autoridade não deve ser
confundida com autoritarismo, arbitrariedade ou rigidez. Para todas as regras
tem de haver alguma flexibilidade a fim de que o jovem possa ir testando e
sentindo seus limites. Por exemplo, se foi fixado um determinado horário para o
jovem chegar de uma festa, um pequeno atraso não deve ser punido. Atitudes
drásticas como violência ou expulsar o jovem de casa não têm resultados
positivos e nunca devem ser consideradas solução para os problemas
Quando se torna impossível conversar com os filhos, a quem os pais devem procurar?
Grande parte dos jovens é
capaz de se abrir quando os pais passam a ouvir mais e falar menos. Mas quando
os pais, apesar de tudo, não conseguem mais se comunicar com os filhos, devem
recorrer a outras pessoas. Mas quais? Os pais, de preferência, devem procurar
alguém que o jovem admire ou respeite. Pode ser um parente, um amigo da
família, um professor, um padre, o médico da família ou um profissional
especializado.
O que pode ser feito ao se descobrir que um filho está usando drogas?
Não há uma
resposta simples para essa questão. Existem muitas maneiras de se responder à
pergunta. Alguns pontos devem ser destacados:
1.
Existe
uma variedade muito grande de drogas.
2.
Drogas
diferentes produzem diferentes efeitos nas pessoas; alguns são perigosos,
outros não.
3.
Existem
formas mais e menos perigosas de se consumir drogas (injetar drogas é
geralmente muito mais perigoso do que usá-las de outras maneiras).
4.
A
lei é diferente para cada tipo de droga (é ilegal fumar maconha).
5.
O
uso de algumas drogas, como o álcool, é socialmente mais aceitável do que o de
outras. Entretanto, o que é ou não socialmente aceitável depende das
características da comunidade em questão – seus valores, sua cultura (o álcool
não é socialmente aceitável em comunidades muçulmanas) – e não do risco que a
droga representa.
6.
Cada
jovem é uma pessoa diferente e única e podem ser muitas as razões pelas quais
alguém se envolve com drogas. Da mesma forma, existem variadas formas de
ajudá-lo a interromper ou moderar o uso de drogas.
7.
Os
pais têm maneiras diferentes de lidar com um filho que esteja usando drogas.
Embora alguns sejam totalmente contra o uso de qualquer droga, a maioria
considera aceitável o uso de determinadas substâncias (bebidas alcoólicas,
fumar cigarro). Alguns pais são tolerantes e outros se resignam com o fato de
seus filhos usarem drogas.
8.
Existem
várias instituições de ajuda a pessoas com problemas relacionados ao uso de
drogas.
Pais que usam ou usaram drogas ilegais no passado estão mais preparados para lidar com o problema?
Frequentemente,
não.
O lado positivo dessa
experiência é que os pais que tiveram a oportunidade de experimentar
substâncias ilegais provavelmente não vão ser tão alarmistas com relação ao uso
de drogas. Entretanto, se o assunto vier à tona, devem se dirigir aos filhos
expressando com sinceridade tanto os momentos bons como os momentos ruins
daquela época de vida, cuidando para não transmitir uma visão idealizada e
"glamourização" das drogas.
Se os pais ainda fazem
uso de drogas ilegais, como regra geral isso não deveria ser colocado
abertamente aos filhos. Alguns, alegando que não são hipócritas, chegam até
mesmo a usá-las na companhia dos próprios filhos. Não percebem é que, ainda que
o uso possa ser esporádico e não acarretar maiores problemas, a maior parte dos
jovens não está preparada para lidar com a questão, por uma série de razões que
variam de família para família e de pessoa para pessoa.
Como as escolas podem colaborar na prevenção do uso indevido de drogas?
Diversas escolas têm
adotado programas educativos com esse objetivo. Eles podem ser de grande ajuda
aos jovens, sobretudo a partir do início da adolescência, desde que conduzidos
de forma adequada. Como já foi explicado anteriormente, informações mal
colocadas podem aguçar a curiosidade dos jovens, levando-os a experimentar
drogas. Discursos antidrogas e mensagens amedrontadoras ou repressivas, além de
não serem eficazes, podem até mesmo estimular o uso.
Nos programas de
prevenção mais adequados, o uso de drogas deve ser discutido dentro de um
contexto mais amplo de saúde. As drogas, a alimentação, os sentimentos, as
emoções, os desejos, os ideais, ou seja, a qualidade de vida entendida como
bem-estar físico, psíquico e social, são aspectos a serem abordados no sentido
de levar o jovem a refletir sobre como viver de maneira saudável.
Os jovens devem aprender
a conhecer suas emoções e a lidar com suas dificuldades e problemas. Um modelo
de prevenção deve contribuir para que os indivíduos se responsabilizem por si
mesmos, a fim de que comportamentos de risco da sociedade como um todo possam
ser modificados.
Em se tratando de jovens que já usaram drogas, qual deve ser a atitude da escola?
De preferência, a escola
deve ter algumas regras bem estabelecidas, tais como não autorizar o uso de
drogas, sejam legais (álcool, fumo) sejam ilegais (maconha, cocaína), nas suas
dependências. Por outro lado, seria abusivo e contraproducente a escola tomar
atitudes drásticas com alunos que fazem uso de drogas (como a expulsão). A
exclusão só irá diminuir as chances de os jovens serem compreendidos e seus
casos tratados de forma adequada.
Nesse sentido, se for
detectado que alunos estão utilizando algum tipo de droga de forma abusiva, e a
escola não souber lidar com esse tipo de situação, ela deve procurar apoio em
serviços de saúde: neles, os alunos receberão atendimento especializado e, se
for o caso, serão tratados.
O mais importante é
estimularem-se atividades criativas que possam absorver e entusiasmar os
jovens. Para alguém afastar-se das drogas, é necessário que existam outras
opções mais interessantes e prazerosas, que possam ocupar o tempo que seria
utilizado com drogas, dentro de um contexto muito mais saudável.
Dentre as pessoas que usam drogas, quem deve ser tratado?
O tratamento deve ser
dirigido basicamente às pessoas que se tornaram dependentes de drogas. Da mesma
forma que não há qualquer sentido em propor tratamento a alguém que usa álcool
apenas ocasionalmente, também não devemos falar em tratamento para usuários
experimentais ou ocasionais de outras drogas.
Que tipos de ajuda terapêutica existem para os dependentes?
Existem diversos modelos
de ajuda a dependentes de drogas: tratamento médico; terapias cognitivas e
comportamentais; psicoterapias; grupos de auto-ajuda (do tipo Alcoólicos
Anônimos e Narcóticos Anônimos); comunidades terapêuticas; etc. Em princípio,
pode-se dizer que nenhum desses modelos de ajuda consegue dar conta de todos os
tipos de dependências e dependentes. Se alguns podem se beneficiar mais de um
determinado modelo, outros necessitam de diferentes alternativas. É muito
difundido o modelo que utiliza ex-dependentes de drogas como agentes "terapêuticos",
já que uma pessoa que passou pelo mesmo problema pode ajudar o dependente a se
identificar com ela e compreender melhor seus problemas. É importante, porém,
observarmos que os efeitos positivos de uma abordagem dependem essencialmente da
capacitação técnica dos profissionais envolvidos.
O que vai ser tratado?
A maioria dos modelos de
tratamento focaliza principalmente a dependência da droga. Embora esse seja
realmente o ponto central que leva a pessoa a procurar tratamento, os
dependentes frequentemente apresentam outros problemas associados ao uso
abusivo de drogas.
É extremamente importante
que esses transtornos recebam a devida atenção, pois se não forem também
tratados haverá uma grande probabilidade de a pessoa voltar a ser dependente.
Por exemplo, dependente de drogas que também apresenta depressão (o que é muito
frequente!) deverá receber tratamento não apenas da dependência mas também da
depressão. Se o tratamento for dirigido apenas à dependência, sua depressão não
tratada provavelmente o levará a abusar de drogas novamente.
Quais os transtornos psiquiátricos mais associados às dependências?
A depressão é o
transtorno que mais se associa ao abuso e à dependência de drogas. Outras
transtornos frequentemente encontrados entre os dependentes são o transtorno de
ansiedade, o obsessivo-compulsivo, os de personalidade e, mais raramente,
alguns tipos de psicoses. Mais recentemente descobriu-se que indivíduos com
transtornos neurocognitivos (de aprendizagem) estão mais propensos a se
tornarem dependentes de drogas. Esses podem se manifestar através de problemas
de atenção, memória, concentração ou linguagem, entre outros. A grande
dificuldade decorre de, com muita frequência, esse sinais não serem
identificados nem pelos familiares nem pela escola, podendo estar presentes
desde a mais tenra idade. Exemplificando, muitos jovens considerados rebeldes,
preguiçosos, desinteressados, vagabundos ou indisciplinados, na verdade podem
apresentar um transtorno específico de aprendizagem ou de atenção. É importante
ressaltar que esses transtornos prejudicam profundamente a autoestima e o
desenvolvimento das crianças e dos jovens, atrasando ou até mesmo
impossibilitando o uso de suas potencialidades.
Se fossem diagnosticados
de modo correto, esses distúrbios poderiam ser facilmente tratados, evitando
assim as consequências drásticas que ocorrem quando não são identificados. Como
exemplo disso, muitos dependentes de drogas que apresentavam transtorno de
atenção, quando o problema foi adequadamente tratado, pararam de consumir
drogas.
Classificação do uso de drogas segundo a organização mundial de saúde
Classificação do uso de drogas segundo a organização mundial de saúde
·
Uso
na vida: o uso de droga pelo menos uma vez na vida.
·
Uso
no ano: o uso de droga pelo menos uma vez nos últimos doze meses.
·
Uso
recente ou no mês: o uso de droga pelo menos uma vez nos últimos 30 dias.
·
Uso
frequente: uso de droga seis ou mais vezes nos últimos 30 dias.
·
Uso
de risco: padrão de uso que implica alto risco de dano à saúde física ou mental
do usuário, mas que ainda não resultou em doença orgânica ou psicológica.
·
Uso
prejudicial: padrão de uso que já está causando dano à saúde física ou mental.
Quanto à
frequência do uso de drogas, segundo a OMS, os usuários podem ser classificados
em:
·
Não-usuário:
nunca utilizou drogas;
·
Usuário
leve: utilizou drogas no último mês, mas o consumo foi menor que uma vez por
semana;
·
Usuário
moderado: utilizou drogas semanalmente, mas não todos os dias, durante o último
mês;
·
Usuário
pesado: utilizou drogas diariamente durante o último mês.
A OMS
considera ainda que o abuso de drogas não pode ser definido apenas em função da
quantidade e frequência de uso. Assim, uma pessoa somente será considerada
dependente se o seu padrão de uso resultar em pelo menos três dos seguintes
sintomas ou sinais, ao longo dos últimos doze meses:
·
Forte
desejo ou compulsão de consumir drogas;
·
Dificuldades
em controlar o uso, seja em termos de início, término ou nível de consumo;
·
Uso
de substâncias psicoativas para atenuar sintomas de abstinência, com plena
consciência dessa prática;
·
Estado
fisiológico de abstinência;
·
Evidência
de tolerância, quando o indivíduo necessita de doses maiores da substância para
alcançar os efeitos obtidos anteriormente com doses menores;
·
Estreitamento
do repertório pessoal de consumo, quando o indivíduo passa, por exemplo, a
consumir drogas em ambientes inadequados, a qualquer hora, sem nenhum motivo
especial;
·
Falta
de interesse progressivo de outros prazeres e interesses em favor do uso de
drogas;
·
Insistência
no uso da substância, apesar de manifestações danosas comprovadamente
decorrentes desse uso;
·
Evidência
de que o retorno ao uso da substância, após um período de abstinência, leva a
uma rápida reinstalação do padrão de consumo anterior.
Algumas definições
Experimentador: pessoa que experimenta a droga,
levada geralmente por curiosidade. Aquele que prova a droga uma ou algumas
vezes e em seguida perde o interesse em repetir a experiência.
Usuário
ocasional: utiliza
uma ou várias drogas quando disponíveis ou em ambiente favorável, sem rupturas
(distúrbios) afetiva, social ou profissional.
Usuário
habitual: faz
uso frequente, porém sem que haja ruptura afetiva, social ou profissional, nem
perda de controle.
Usuário
dependente: usa
a droga de forma frequente e exagerada, com rupturas dos vínculos afetivos e
sociais. Não consegue parar quando quer.
Dependência: quando a pessoa não consegue
largar a droga, porque o organismo acostumou-se com a substância e sua ausência
provoca sintomas físicos (quadro conhecido como síndrome da abstinência ), e/ou
porque a pessoa acostumou-se a viver sob os efeitos da droga, sentindo um
grande impulso de usá-la com frequência ("fissura").
Escalada: é quando a pessoa passa do uso de
drogas consideradas "leves" para as mais "pesadas", ou
quando, com uma mesma droga, passa de consumo ocasional para consumo intenso.
Tolerância: quando o organismo se acostuma
com a droga e passa a exigir doses maiores para conseguir os mesmos efeitos.
Poli
usuário: pessoa
que utiliza combinação de várias drogas simultaneamente, ou dentro de um curto
período de tempo, ainda que tenha predileção por determinada droga.
Overdose: dose excessiva de uma droga, com
graves implicações físicas e psíquicas, podendo levar à morte por parada respiratória
e/ou cardíaca.
Questionamentos
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